quinta-feira, 5 de junho de 2014

Organizar a luta por direitos e construir a Greve Geral!


Toda solidariedade aos estudantes processados injustamente na UnB!


Cartas de um estudante processado e perseguido politicamente pela Reitoria

Divulgamos abaixo duas cartas enviadas pelo estudante Leon, um dos oito processados pela Reitoria de Ivan Camargo por participar em um catracaço no Restaurante Universitário no ano passado. Nós da Oposição CCI repudiamos essa perseguição política dentro da UnB e daremos nossa solidariedade militante para por fim a esses processos absurdos! Somos tod@s Catraqueir@s!


CARTA À REUNIÃO CONTRA A PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA UNB (Realizada no Centro Acadêmico de Sociologia, em 27/05)

"Camaradas de luta,

Não pude me fazer presente hoje na reunião pois agora estou no trabalho, mas gostaria de expor algumas reflexões. Comecemos pelo óbvio: a reitoria está nesse momento criminalizando a luta por direitos dentro da UnB seguindo o exemplo de reitorias e governos no país inteiro, e aguardou  fim das eleições do DCE para isso. Os processos contra alguns estudantes participantes dos catracaços no RU realizados ano passado (2013), possuem como único objetivo "cortar algumas cabeças" para amedrontar o resto do movimento estudantil que ainda não se vendeu ao governo e à reitoria. 

Por trás do discurso de manutenção da "ordem e da legalidade" o que vemos são interesses políticos e empresariais em prol das empresas terceirizadas que hoje tomam conta por completo (inclusive em sua gestão!) do nosso Restaurante Universitário. A defesa de uma suposta legalidade cai por terra quando vemos que todos os dias trabalhadoras terceirizadas tem seus direitos negados, são demitidos injustamente, tem seus salários e direitos atrasados, bem como a comunidade universitária que agora está sendo expulsa pelo preço abusivo (10,00 reais) e pela superlotação do restaurante. Além disso, ao invés de expandir o RU, ou pelo menos abrir todas os refeitórios, a "empresa gestora" utiliza a mesma lógica do transporte: quanto mais cheio melhor, ou seja, quanto mais caótico melhor, e eis que surge a solução eficiente, gourmet e para poucos privilegiados! Além disso, a reitoria vê a gratuidade para os alunos pobres como uma política de "cala a boca". Afinal, quando esses mesmos estudantes buscaram ampliar seus direitos o que aconteceu? perseguição, criminalização e processos absurdos contra os estudantes.

Camaradas, estamos nessa luta juntos por direitos aos estudantes pobres e trabalhadores, e não devemos temer os ataques de qualquer autoridade. Nossos vizinhos da UFG estão enfrentando prisões políticos sérias por parte do governo de Goiás. Greves estão sendo judicializadas e reprimidas pelo país. Mas a cada dia, mais e mais pessoas saem às ruas, se organizam, e vão aos mais diversos protestos. Portanto, devemos reconhecer a nossa luta na UnB como parte desse processo nacional de lutas que ameaça estremecer as bases desiguais e autoritárias do nosso país e, portanto, também da nossa universidade. Avancemos, sem medo e unidos! A nossas formas de luta são legítimas e necessárias! Abaixo os processos políticos e a repressão aos estudantes da UnB!Somos todos catraqueiros! 

Forte abraço a todas e todos os bravos lutadores!

Leon, mais um processado político."


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CARTA À ASSEMBLEIA INDEPENDENTE DOS ESTUDANTES (05/06)

"Camaradas de luta,

Mais uma vez serei impedido, por conta do trabalho, de participar desse importante momento, a Assembleia independente. Porém, assim como fiz na reunião no CASO, gostaria de refletir sobre algumas temas. Nesse momento, a uma semana do primeiro jogo da Copa, devemos ser responsáveis com as lutas que pipocam pelo país inteiro, e pensar seriamente na mobilização dentro da UnB. Queremos fazer uma grande luta, e iremos com certeza, mas nem todos os caminho levam a Roma, precisamos nos orientar.

Primeiramente, os protestos desde junho de 2013 demonstram que na luta por direitos não se pede permissão para "senhor ninguém". As representações meramente oficiais, as entidades que viraram órgãos burocráticos, foram e serão atropeladas: partidos, sindicatos, DCEs. Depositar esperança nelas é o caminho para a pior das derrotas. Por isso que hoje é correto ser independente do DCE e suas instancias. Isso não é ser sectário ou pregar divisões e picuinhas. O DCE a alguns anos se tornou um órgão meramente oficial, sem impacto na organização coletiva dos estudantes. O DCE virou absurdamente um propagador do individualismo! Nesse momento, ser independente do DCE é ser responsável com nossa luta, da qual eles não são. Ser independente do DCE é priorizar a ação prática ao invés das formalidades e burocracias. O mesmo vale para a UNE e seus conselhos apodrecidos. Porém, isso não significa negar possíveis reuniões com a reitoria ou a necessária atuação jurídica, mas saber que as possibilidades de vitória estão nas ruas. A nossa capacidade de mobilização é que vai decidir a vitória ou a derrota, e não o número de UnB-DOC's ou reuniões de enrolação.    

Por último, gostaria de dizer que não existe uma "identidade de perseguido" onde apenas os próprios sabem o melhor para si. Estamos tratando com um fato político objetivo: a perseguição a alguns estudantes que atingiu todos os movimentos de luta na UnB. Para esse fato político existem diferentes opiniões políticas, ou seja, a verdadeira questão não é a autoridade moral do perseguido, mas as proposta que farão nosso movimento avançar. Quando dizemos que a repressão a um é uma repressão a todos devemos levar isso até as últimas consequências. Já presenciei muitas vezes essa concepção que dá legitimidade exclusiva a alguns "atingidos" e ela só levou ao esvaziamento da luta, só levou a fragmentação: os legítimos e os ilegítimos. A luta não é apenas pela retirada dos processos, é contra a repressão política na UnB, e isso envolve diversos setores. Esse, na minha humilde concepção, é o único meio de massificar nossa luta. 

Camaradas, nesse momento precisamos estar unidos e organizados, precisamos saber distinguir nossos amigos e inimigos. Permitir que se persiga um manifestante hoje, seja na UnB, na UFG, nas favelas, ou nas greves rebeldes, é preparar o terreno para o despotismo e a Tirania, levadas a cabo tanto pelos governos de direita quanto pelos governos do PT. Vamos nos cobrir de solidariedade, vamos nos esquentar de fraternidade verdadeira, e que isso alimente nossa ação para arrancar nossos direitos. Chega de pedir e mendigar. É hora de tomar o que é nosso. 

Forte abraço a todas e todos,

Leon, mais um processado político."