Toda sorte de crítica já foi lançada sobre a Oposição CCI. Muitas delas, quando feitas de forma séria, sempre buscamos responder à altura - defender ou revisar nossa posição, se for o caso. Apesar disso, o que mais se ouve são críticas infundadas usadas para desmoralizar e afastar estudantes de sequer conhecer "com os próprios olhos" a Oposição CCI. Não é preciso dizer que nenhuma destas mentiras descaradas foram provadas pelos seus acusadores. Para a CCI, a disputa da consciência política, ou de "corações e mentes" como se costuma dizer, nunca se deu na base do coleguismo ou do rebaixamento de nossas bandeiras para agradar outros. A aproximação política não-sectária, o trabalho de base etc. é capaz de desvendar muitos mitos que são ditos. Prova particular disso é a carta pública lançada pela companheira Flores esclarecendo seus motivos de ruptura com o "Juntos Somos Mais" (uma chapa hegemonizada pelo PT que depois de perder as eleições de DCE virou um "grupo") e declarando seu apoio à Oposição CCI. Sem mais delongas, segue a carta integral abaixo:
Querid@s amig@s,
Acho que pra todos os
militantes do grupo já é bem claro a quanto tempo estive distante do mesmo, e
isso, desde às últimas eleições. Sempre fui uma militante independente de
partidos, mas que ainda acreditava na disputa interna de grupos
suprapartidários, entre outras estruturas. A questão não é a mera ordem
organizacional dos partidos ou método programático, mas a percepção das
relações de poder que sempre está em disputa e pra que modelo de Estado
corrobora. Discordo do projeto de Estado que a maioria dos partidos tomam para
si: O modelo desenvolvimentista de nação. Não tenho a ilusão que um país bem
desenvolvido economicamente seja o vislumbramento de uma sociedade socialista.
É muito mais o ocultamento da condição de superexploração d@s trabalhadores via
transnacionais, por exemplo, mesmo que o mundo do trabalho não se esgote em sua
complexidade, até porque o que produz pode ser ao mesmo tempo material e
imaterial. De antemão, apesar de achar legítimo politicamente, afirmo que não é
mais o modelo de militância que vislumbro pra mim daqui pra frente. Gostaria de
deixar bem claro que não é nenhuma questão pessoal nem o questionamento da
militância d@s companheir@s, com @s quais tive muitas vivências e experiências
enriquecedoras, mas, sim, divergência político-ideológica. Até por isso, acho
justo compartilhar sinceramente com o grupo a minha decisão.
Não obstante, venho
comunicar o meu rompimento com o coletivo Junt@s Somos Mais e declarar meu
apoio à CCI. Sim, é surpreendente, até pq não apoiei o coletivo nas eleições do
CASO justamente por nunca ter entendido como o grupo construia o feminismo.
Isso não é fruto de uma conversinha aqui outra ali ou de meras aparências, mas
da formação política do grupo da qual participei, ao meu ver, muito qualificada
e responsável com a política que propõe. Pude perceber que o sectarismo que eu
tanto criticava na verdade era controverso. Antes o percebia como a pior
estratégia em ações políticas pontuais, e apenas a crítica da construção
oportunista ou vanguardista do grupo X ou Y no movimento estudantil. Porém,
esse tempo distanciada da militância, muitas vezes tarefista, tive tempo pra
refletir e me reformular politicamente. Entre essas reflexões, também fruto de
mais estudo teórico ao qual me propus, está a questão que hoje é central pra
entender um dos fatores contemporâneos que mais fragmentam a esquerda: A
ideologia pós-moderna. Muito embora, pelo menos na antropologia, sua
importância seja a preocupação com o lugar social das identidades, a forma como
ela opera tanto no âmbito acadêmico como no movimento estudantil reforça um
dilema central: A impossibilidade de conciliar alteridades com unidade política
e leia-se de esquerda. O próprio avanço do capitalismo na história contribuiu
para que as relações de produção do mundo do trabalho fossem fragmentadas e
especializadas. A consequência na academia, por exemplo, é a não centralidade
da categoria classe. Pra mim não é diferente também a individualização extrema
das subjetividades.
No mais, nenhuma identidade
existe em essência, mas em relação, e, segundo estratégias de se operar o
poder. Na política em geral, muitas vezes percebo a utilização das identidades
enquanto democracia instrumental. Isso é notável na forma como grupos
apoiadores geralmente militam em movimentos sociais e neles sim há a
importância central do protagonismo de sua base que se articula com uma
identidade específica. Assim, evitamos cair em um vanguardismo cego. Na
democracia instrumental, o empoderamento das alteridades que clamam por
emancipação passa a ser apenas aparência muito útil ao capitalismo. Ele se
apropria e muito dessas identidades para lançar novos mercados. Contudo, a
única possibilidade de unidade política em meio a identidades tão fragmentadas
é a classe. Se eu deixar de acreditar nisso, companheir@s, acredito que a luta
da esquerda também possa estar desacreditada. Que nunca desacreditemos!!!
Flores.