segunda-feira, 4 de julho de 2011

O GERMINAL - Nº 22, Julho de 2011

Ensinamentos da Ocupação da Reitoria pelos Estudantes da FCE:
Romper com o Governismo e Unificar as Lutas pela Ação Direta!

No dia 15 de Junho, depois do vencimento do 12º prazo de conclusão da obra da FCE (Faculdade de Ceilândia), cerca de 250 estudantes ocuparam a Reitoria, com uma carta de reivindicações com 10 pontos, onde se exigiu condições dignas de estudo e assistência estudantil, assim como a retirada dos processos aos dois estudantes presos na Casa do Estudante.

A situação precária a que estão submetidos estudantes e trabalhadores do campus da FCE e demais campi da UnB é materializada na falta de infra-estrutura, uma assistência estudantil insuficiente, falta de transporte gratuito inter-campi. A três anos as atividades acadêmicas da FCE são oferecidas em uma escola secundarista.

A precarização da UnB tem ligação direta com as políticas neoliberais que o Governo Lula-Dilma aplicam através da Reforma Universitária, da qual o REUNI é carro-chefe. O REUNI prevê a expansão da universidade sem a garantia de verbas suficientes para tal. As verbas do REUNI são liberadas apenas com o cumprimento das metas (modo de subornar as universidades), dentre as metas está o aumento da proporção de alunos em relação ao número de professores (o que ocasiona salas superlotadas), etc.

No início deste ano, os estudantes da FCE e FGA (Faculdade do Gama) protagonizaram uma jornada de luta que mobilizou grande parte de seus campi. Ocorreram grandes manifestações e inclusive uma greve estudantil. A luta, porém, foi dirigida pela gestão governista do DCE e, para impedir que a mobilização se transformasse em oposição direta à Reitoria e ao Governo Dilma/PT, o DCE defendeu uma política legalista e corporativista.

O legalismo consiste na defesa de métodos “legalmente aceitos”, de acordo com a justiça burguesa, tais como mesas de negociação, audiências públicas e participação nos conselhos burocráticos. A crença na legalidade burguesa e na burocracia universitária se opõe à ação direta estudantil. O corporativismo é a ilusão de que podemos (e devemos!) solucionar nossos problemas de forma isolada/particular, fruto de uma inversão da relação de causalidade parte-todo. O corporativismo produz o eterno medo da “contaminação/cooptação” em relação a outras reivindicações, o que gera a estranha concepção de que a unificação enfraqueceria as lutas particulares.

Tal política, na prática, transformou grandes processos de mobilização em mesas de enrolação com a Reitoria, em protestos “pacíficos” e “propositivos” onde o Reitor José Geraldo era chamado a fazer seu discurso demagógico. Além disso, para salvaguardar a imagem do Governo e da Reitoria, os problemas da FCE e FGA eram apresentadas como “questões particulares”, de “erros pontuais” no processo de expansão, onde bastaria a contribuição e a “pressão propositiva” (sic) dos estudantes para os problemas se resolverem. Nada mais falso. Os problemas dos novos campi são fruto de uma política consciente de precarizar e privatizar a educação, tal como indicamos no início do texto.

A ocupação da Reitoria, no dia 15 de Junho, marcou uma ruptura parcial com as manifestações anteriores, e garantiu a assinatura do Reitor se comprometendo em atender todas reivindicações dos estudantes. É uma ruptura parcial (e não completa) pois elementos do corporativismo e legalismo ainda estão presentes na mobilização, porém, com a maior possibilidade de serem rompidos pela experiência prática da luta. Tais rupturas “instintivas” com a prática legalista do DCE devem se transformar em uma ruptura “consciente” com o Governismo em todo seu conteúdo reacionário e neoliberal.

Para direcionar esta ruptura com o Governismo é necessário que os estudantes da FCE se organizem para uma luta combativa duradoura, se aliando às demais lutas e reivindicações estudantis e proletárias. É necessário que os estudantes combatam decididamente a política da direção do DCE, aprendendo e acumulando com as experiências de luta. É nesse intuito que reforçamos o chamado: UNA-SE A OPOSIÇÃO CCI!


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Toda Solidariedade à luta dos moradores da CEU e aos Estudantes Perseguidos!

A Assistência Estudantil deveria garantir a permanência dos estudantes pobres na universidade, mas o que ocorre é que a UnB, ao mesmo tempo em que abriga a maior elite social do DF, massacra os/as poucos/as estudantes pobres que conseguem passar pelo funil do vestibular. Com a conturbada reforma da Casa do Estudante Universitário, mais de 350 estudantes perderam nada mais nada menos do que o direito de morar. Uma recente pesquisa feita pelo jornal “Campus” aponta que de 2010 para 2011 a eva
são cresceu 63,5%. Um fator que contribui decisivamente para isso é a péssima assistência estudantil.

Desde a Ocupação da Reitoria em 2008, o Movimento Estudantil da CEU reivindica a ampliação e reforma da moradia. Depois de muita espera, em fevereiro de 2011, os/as estudantes se viram com um prazo de um mês para encontrar um lugar pra ficar e sair da CEU durante a reforma. O que a UnB ofereceu foram míseros R$510 ou o financiamento de imóveis ruins em cidades muito distantes do campus. Assim originou-se o movimento Fica CEU, que tem como inimiga a Reitoria, e que “conta” com o DCE para intermediar o diálogo, ou melhor, o monólogo, que diz: “fora estudantes pobres da UnB!”. Esta política neoliberal da Reitoria/DCE fica ainda mais crítica com a implementação do REUNI.

Do lado da Reitoria também está a Polícia Militar, que no dia 3 de junho invadiu a CEU e prendeu três estudantes, por protestarem contra o sucateamento da CEU. Os estudantes que foram presos, agora respondem a processo por desacato e incêndio, em regime de liberdade condicional. Em solidariedade aos perseguidos, houve um ato pela sua libertação, além da reivindicação pela retirada do processo ter sido incorporada na pauta de reivindicações da Ocupação da FCE-UnB. Porém, o que temos que ter claro é: com o aparato repressivo do Estado (a polícia) agindo na UnB, a tendência é a ampliação da perseguição e criminalização do movimento estudantil e sindical.

Os/as estudantes que hoje residem na CEU sofrem diversos ataques, como arrombamento de portas de apartamentos ainda ocupados, soldagem de portas de emergência, retirada de bebedouros e de iluminação, ameaça de corte de luz e água. Hoje, na UnB, é posta em prática uma verdadeira política de terrorismo físico e psicológico contra os/as estudantes residentes da CEU. É mais uma forma de expulsão da classe trabalhadora da universidade.

Exposto desta forma, nós, da Oposição CCI ao DCE-UnB manifestamos nosso completo repúdio à política terrorista da Reitoria da UnB, assim como repudiamos toda e qualquer perseguição política. Conclamamos todos os estudantes da UnB a tomarem como sua esta justa causa! Manifestamos nossa plena solidariedade de classe com os residentes da CEU e com os perseguidos políticos. Como estudantes-proletários, endossamos nossas reivindicações mais imediatas: que seja providenciada moradia transitória DIGNA no próprio campus ou imediações da UnB durante as obras na CEU e que seja retirado imediatamente os processos criminais contra os estudantes David Wilkerson Silva Almeida e Heitor Claro da Silva.

Fora Polícia do Campus!

Lutar para estudar! Estudar para Lutar!

Unir todos os Campi numa só luta!

Derrotar as reformas neoliberais do Governo/Reitoria!


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Boletim O GERMINAL nº 22 DIAGRAMADO:





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