CONVOCATÓRIA À PLENÁRIA NACIONAL CLASSISTA E COMBATIVA 2012
ORGANIZAR OS ESTUDANTES DO POVO, LUTAR CONTRA A EDUCAÇÃO DE MERCADO
O
período pós-ditadura trouxe sérias marcas ao movimento estudantil,
marcas que se arrastam até hoje. Por um lado, tivemos uma geração
traumatizada ideologicamente, que sofreu forte restrição em seu
pensamento crítico de cunho socialista ou revolucionário, enfim,
combativo; por outro, tivemos cicatrizes nos modelos de ação e
organização política de estudantes e trabalhadores, devido à aberta
repressão civil-militar da ditadura, que não mais ousavam o
enfrentamento direto com a ordem capitalista, mas que se restringiam a
exigir um sistema burguês mais democrático. Estas marcas foram, a bem da
verdade, agravadas e combinadas com o início e desenvolvimento da
reestruturação produtiva a nível mundial, com instabilidade e
precarização no mundo do trabalho, que também aplacou o Brasil, guiado
pela política neoliberal de todos nossos governos desde a década de 90.
Para piorar, relaciona-se com este mesmo período e também se arrasta até
hoje, o pensamento ideológico que tenta nos convencer do fim das
classes e portanto da luta de classes, da não centralidade do trabalho e
etc., gerando assim sérias dificuldades na identidade, organização e
programa autônomo enquanto classe trabalhadora.
Se
por um lado fomos aplacados negativamente por estas causas externas,
também o fomos atingidos severamente por atores internos. Sem rodeios,
falamos aqui da hegemonia política reformista
no interior do movimento estudantil e dos trabalhadores. Com efeito,
tivemos a oportunidade de ter partidos como PT e PCdoB na direção dos
nossos maiores movimentos, como CUT, UNE e MST – direção hegemônica até
hoje. Nesta oportunidade, fomos direcionados ao nebuloso caminho da
participação e colaboração com o regime democrático burguês, uma vez que
a compreensão hegemônica em nossas organizações era (e parece ser) que a
classe trabalhadora deveria, por meio de seus representantes
partidários, alcançar o poder político do Estado através das eleições
burguesas (para presidente, governadores, deputados etc.). Ocorre que não se pode jogar o jogo da burguesia fugindo às suas regras.
Dessa forma, pretensos “governo dos trabalhadores”, como ousa
intitular-se o PT, ou como pretendem partidos de menor porte como PSTU e
PSol, acabam por adequar-se à lógica imperante e reproduzi-la: a do
próprio regime capitalista.
A
despeito da popularidade que possua o PT, do carisma lulista ou dos
parcos programas de compensação para remediar os bolsões de pobreza –
diga-se de passagem, agravados pelas contradições sociais vistas desde a
vigência neoliberal – o próprio PT rendeu-se às regras do capital,
condição para se manter a quase uma década ou obter três mandatos para
presidência da república. Quer dizer, estando no governo central do país
e na base deste governo e ao mesmo tempo estando na direção da maior
parte das organizações estudantis e dos trabalhadores, PT e PCdoB acabam
por impetrar as principais pautas e políticas do governo também no
interior dos nossos movimentos, retirando assim toda independência e nos
paralisando. É dessa forma que é possível o estabelecimento de um
aparente consenso sobre os programas do governo, resultando na falta ou
na diminuição da crítica e de confrontos abertos. Este fenômeno do governismo é, portanto, fruto de uma opção/orientação de cunho reformista
adotada no mínimo desde a década de 80, e se mostra como uma pedra no
sapato do desenvolvimento da luta de classes no Brasil, ou seja, da luta
autônoma dos estudantes e trabalhadores por nossas reivindicações e
necessidades básicas e históricas.
Atualmente,
com relação à educação no Brasil, esta pedra no sapato age blindando a
principal política do governo para o setor: o novo Plano Nacional da Educação (PNE), que, caso aprovado, vigorará até 2020. Este
PNE sistematiza e aprofunda praticamente todas as principais políticas e
metas neoliberais adotadas pelo governo Lula, inclusive, algumas que
tiveram maior enfoque no Ensino Superior, trazendo-as ao Ensino Básico e
Técnico. Assim, quer impor também a estas modalidades de ensino a
elevação desproporcional de alunos por professor e uma taxa alta de
conclusão média dos cursos (que se transformam em
aprovações-automáticas, como bem sabemos), a exemplo do REUNI. Como
demostra o já aprovado PRONATEC, programa que estabelece parceria com o
Sistema “S” (SESC, SENAI, SESI etc.), as metas do PNE se dirigem a dar
maior peso ao setor privado da educação, ampliando o investimento direto
de verba pública nos estabelecimentos de ensino privado, tal como faz o
FIES e o ProUNI. Ademais, ao pretender universalizar o ensino
fundamental e aumentar as matriculas no ensino superior, pretende para
isso utilizar massivamente o Ensino à Distância (EaD), metodologia que é
opção do governo justamente por ser de baixíssimo custo de manutenção
(inclusive com baixa remuneração dos orientadores) e por garantir uma
formação rápida, porém com qualidade notadamente inferior a do ensino
presencial. Há no PNE, portando, o aprofundamento da lógica de expansão precarizada do ensino, da formação escolar/acadêmica voltada unicamente às demandas do mercado e de fomento direto à educação privatizada, em detrimento da pública.
Neste
contexto, há uma tarefa imprescindível que todos estudantes filhos da
classe trabalhadora devem tomar parte. Essa tarefa é a da reorganização de nosso movimento,
orientado não pelo reformismo, mas sim pelo princípio da independência e
identidade de classe capaz de opor resistência frontal para combater
cada passo e ação dos capitalistas e seu Estado burguês que pretendem
explorar e lucrar em cima do trabalho, da educação, da cultura etc. Na
ordem do dia, mediado pelo interesse em colocar cada vez mais a educação
a serviço do mercado e do capital, está o novo PNE Neoliberal do
governo. É mais um episódio da luta de classes onde a burguesia e seu
governo se sentem a vontade para impor suas vontades, cuja sequelas
vigorarão por décadas... vigorarão, caso os estudantes não sejam capaz
de impor resistência. Temos, pois, que aliado à tarefa imediata de entender e mobilizar os estudantes para barrarmos este novo ataque capitalista representado no PNE, a tarefa de reorganizar o Movimento Estudantil Classista e Combativo no Brasil: duas tarefas que interpenetram-se, visando um único objetivo: construir
uma educação universalizada cujo conhecimento produzido esteja a
serviço de resolver os principais problemas do povo, e não enriquecer
meia dúzia de capitalistas.
Construir o Movimento Combativo dos Estudantes!
Derrotar o PNE Neoliberal nas ruas!
Organize-se e compareça na Plenária Nacional Classista e Combativa 2012
- Tema: O PNE Neoliberal de Dilma/PT e o desafio dos Estudantes Combativos no Brasil
- Data: 28 de janeiro em Porto Alegre/RS (manhã e tarde)
Mais informações:
OUSAR LUTAR! OUSAR VENCER!
Nenhum comentário:
Postar um comentário