quinta-feira, 3 de abril de 2014

Protesto nas ruas e tomada da Administração Regional do Paranoá/DF marcam o 28 de Março no Distrito Federal!







 


                No dia 28 de março, dia nacional de luta dos estudantes, ocorreu no Paranoá (periferia do Distrito Federal) uma manifestação em defesa do Transporte e da Educação pública. A manifestação reuniu estudantes do colégio Darcy Ribeiro, do Centro de Ensino Médio 01, do Centro de Ensino Fundamental 02, da Universidade de Brasília e de trabalhadores em geral. A manifestação que foi organizada pelo Comitê de Luta Popular do Paranoá e Itapoã, organização independente de moradores e estudantes da comunidade, também contou com a e apoio direto da Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) e presença do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de militantes do Movimento Passe Livre (MPL).

O trabalho de agitação e organização nas Bases


                Cerca de duas semanas antes da manifestação, os estudantes do Darcy Ribeiro já estavam se organizando para o 28 de Março, foram feitas panfletagens, colagem de cartazes, e especialmente um vídeo-debate que reuniu cerca de 20 estudantes da escola onde houve um debate acerca da história do movimento estudantil, a luta contra a Ditadura, o assassinato de Edson Luís, bem como da atual repressão e das tarefas dos movimentos estudantis e populares. Os estudantes do CEM 01, apesar de terem se envolvido posteriormente, já estavam travando uma luta pela reforma das cadeiras da escola, que estavam destruída ou inexistentes. A verdade é que as escolas estão sucateadas, sem o repasse de verbas do PDAF, sem quadras esportivas cobertas, enfim, o que não falta são motivos pra lutar.

                Como preparação para a manifestação, foram recolhidas mais de 600 assinaturas para um abaixo-assinado a ser entregue na Administração Regional do Paranoá em que o Comitê de Luta Popular fazia 5 reivindicações: 1) Ampliação das linhas e frota de ônibus do Paranoá, Itapoã, especialmente da área rural; 2) Passe Livre Estudantil sem restrição de linhas e dias; 3) Reforma e cobertura das quadras esportivas das escolas; 4) Repasse imediato da verba pública às escolas (o PDAF); 5) Ampliação do espaço físico, acervo e horário de atendimento da Biblioteca Pública do Paranoá. Não era um ato somente estudantil, as reivindicações tocavam também em pautas históricas da comunidade.

                Já na UnB, os estudantes organizados na Oposição Combativa, Classista e Independente ao DCE (CCI) fizeram também durante todo o mês de março um forte trabalho de agitação e propaganda, com colagens de cartazes, panfletagem, debates, pichações, etc. Também em várias cidades da periferia foram realizados trabalhos de propaganda, como nas escolas do Gama, Recanto das Emas, Planaltina. E tudo isso propagando o 28 de Março, pela "Greve Geral Contra a Copa", por memória e justiça aos mortos e torturados na Ditadura, bem como por um novo movimento estudantil combativo.

A manifestação: ocupação das ruas e tomada inesperada da Administração


                A manifestação se concentrou na praça central do Paranoá, a 13h da tarde. Lá foram chegando os estudantes das escolas, da UnB e trabalhadores que apoiam a causa. Foram feito piquetes nas estradas e saídas das escolas. A manifestação saiu então pelas ruas do Paranoá fechando todas as vias. A polícia militar, que já se encontrava desde cedo rondando as escolas e a praça, bem que tentou "furar" a manifestação para abrir uma via, mas sua tentativa foi frustrada frente a determinação combativa dos estudantes.

                Além de um ato reivindicativo, a manifestação foi uma verdadeira agitação contra a Copa do mundo da FIFA e contra a repressão militarista da Ditadura até os dias atuais. Além disso, a muito tempo que a população do Paranoá não participava ou presenciava uma manifestação no próprio bairro. Milhares de panfletos foram distribuídos aos trabalhadores e àqueles que passavam ou esperavam o ônibus, e o povo retribuiu com grande entusiasmo e dando uma caloroso apoio à luta.

                Chegando à Administração os manifestantes forçaram a entrada na grade e na porta de entrada, conseguindo sem grandes dificuldades abrir caminho entre burocratas e seguranças. O que impressionou foi a fúria do chefe de gabinete, Guilherme, que desferiu socos e pontapés contra a justa ocupação mas não conseguiu conter nem de perto a entrada. No interior do prédio os manifestantes entregaram o abaixo-assinado com as reivindicações e protocolaram na Administração. Esta se comprometeu publicamente a dar uma resposta em no máximo uma semana, que será publicada no site da Administração. Os manifestantes saíram do prédio cantando gritos de ordem cientes de que aquele era apenas um primeiro passo de muitas lutas que ainda terão que ser travadas até a conquista definitiva das reivindicações. Ao final foi feita uma roda de avaliação com alguns dos presentes.


As tarefas atuais dos estudantes do povo


                Apesar de toda preparação prévia, da agitação no dia do protesto, a baixa adesão é um reflexo da tradição governista (especialmnte do PT) impregnada nos movimentos do Paranoá e que a 4 anos vê suas lideranças participando do Governo do DF (e a uma década do Governo Federal!), esquecendo a organização de base e hoje todos lotados nos cargos de administração. Isso impôs uma grande paralisia para as lutas da comunidade, reduzindo a atuação dos setores ditos de "esquerda" a questões meramente culturais (e sem o devido enfrentamento com o Estado inclusive nessas questões). Além disso, ainda temos a UBES que só aparece para colocar ônibus na porta das escolas e levar os estudantes como massa de manobra pra esplanada, nunca teve real interesse em mobilização, pois é pau-mandada do governo, defendendo inclusive a Copa do Mundo da FIFA! Portanto, existe uma herança e uma tradição à qual devemos renunciar: a tradição petista. Ela só traz ilusões e desorganiza os estudantes e o povo. Porém, a pouca quantidade foi contrabalanceada com a alta qualidade. Mostramos que povo unido é povo forte e tem capacidade para se fazer ser atendido e ouvido.

             A manifestação nos ensinou que se com 50 ou 60 estudantes podemos impactar o governo e incomodá-los, nossa meta é mesmo mobilizar e organizar centenas e milhares de estudantes e trabalhadores, pois somos a maioria e unidos somos fortes! Devemos, portanto, reconstruir um novo movimento de massas que seja combativo, classista e independente, é a única forma de avançar ao mesmo tempo em honramos verdadeiramente os mártires revolucionários que morreram nas Ditadura!
 
EDSON LUÍS? PRESENTE!

POR TRANSPORTE E EDUCAÇÃO A SERVIÇO DO POVO!

ABAIXO A UNE E UBES GOVERNISTAS!

AVANTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVO!









 

 


 

 

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