*( Retirado do jornal da oposição estudantil C.C.I. N º 1 – setembro 2007)
A Educação Superior tem sido duramente atacada recentemente em todo país. Constatar este fato é muito importante para compreender e orientar a luta estudantil. A chamada reforma Universitária está situada como o centro deste processo de ataque realizando a privatização das Universidades públicas. A lógica desta reforma possui uma dinâmica cruel porque se apresenta de modo pouco claro para o estudantado por seu caráter fragmentário, quer dizer, por se operar em diversos decretos de lei medidas provisórias etc. Todas estas possuem o sentido comum de transformar as IES (instituições de ensino superior) em espaços de apropriação capitalista, quer dizer de ampliação do lucro da classe burguesa, os proprietários.
Este é o sentido de medidas como o PROUNI, que transfere as riquezas dos trabalhadores aos empresários das faculdades privadas, da lei de INOVAÇÃOTECNOLÓGICA, que transforma a universidade em espaço de reprodução de conhecimento e tecnologia para empresas, do SINAES (Sistema Nacional de avaliação do Ensino Superior), que além de estabelecer uma dinâmica concorrencial para os recursos financeiros da Universidade retira a avaliação destas das mãos dos trabalhadores, o projeto de lei 7200/06.
Além de diversas etapas já aprovadas desta reforma universitária existem ainda os processo de ataque mais imediatos como o REUNI/Universidade Nova, que restabelece a arquitetura curricular das universidades de modo a precariza-la com a ampliação do número de alunos por professor (1/18, 1 professor para dezoito alunos) , e com uma dinâmica de cursos que transfere a concorrência capitalista para a formação universitária com diferentes perfis de estudante (diferentes ciclos de formação). É importante lembrar que o REUNI é um decreto presidencial (de número 6096) que objetiva ampliar o número de
aprovações sem, no entanto, arcar com ampliação do orçamento e a contratação de professores. Leva também a descaracterização do tripé da pesquisa, ensino e extensão da universidade.
E apresentando agora: os governistas e outros oportunistas...
Neste processo de luta é importante observar que a UNE, União Nacional dos estudantes, se apresenta como braço do
governo Lula defendendo a reforma universitária e atrapalhando bastante o campo de luta. A UNE é uma entidade que não cumpre seu papel de luta e se apresenta totalmente burocratizada. Hegemonizada pela esquerda governista (PT e seus setores, UJS, União da Juventude Socialista, braço do PC do B). Seus espaços de participação se mostram totalmente desligados da democracia estudantil com manipulaçõ
es burocráticas que impedem a participação das bases e com uma mobilização festiva e fanfarrista movimentando os estudantes por meio do populismo estudantil.
Por conta desta constatação fica clara a necessidade de romper com a UNE para a vitória da luta dos estudantes contra a reforma do governo Lula. Chegando a este ponto é necessário esclarecer um pouco mais sobre a caracterização das forças políticas neste processo de luta.
O surgimento da CONLUTAS (Coordenação Nacional de lutas) em 2004 marcou uma proposta correta ao sinalizar que era necessário romper com o governo e seus espaços organizativos. A CONLUTE (coordenação nacional de luta dos estudantes) surge com proposta similar para romper com a UNE em virtude do processo de luta estudantil. Infelizmente esta entidade não cumpre este papel e capitulou a sua tarefa original. Na verdade a CONLUTE abriu mão de construir a luta pela democracia estudantil (reeditando as metodologias da UNE), aprovando por aclamação o calendário de atividades da Frente de luta contra a Reforma universitária em 26 março deste ano, liquidando a ocupação da USP etc.
A composição da frente acima citada é sintomática para compreender a capitulação da CONLUTE por contar com setores da UNE como a FOE UNE (Frente de Oposição de Esquerda da UNE, hegemonizada pelo PSOL), um setor para-governista. Quer dizer que transfere a luta contra o governo ao plano do discurso não realizando o necessário rompimento organizativo dito mais acima.
A CONLUTE então abriu mão de construir um instrumento de organização dos estudantes contra o governo e os patrões, ganhando também caráter para-governista, o que revela um caminho perigoso para a lu
ta e para a CONLUTAS, tendo em vista que ambos são hegemonizados pelas mesmas forças políticas PSTU /PSOL, que também segue a mesma dinâmica com a proposta de fusão com a INTERSINDICAL (apêndice externo da CUT), quer dizer sua liquidação. Assim a situação na luta estudantil está muito acelerada e revela uma série de obstáculos à luta.
Que fazer? Qual nossa perspectiva?
Fica evident
e que o setor majoritário da Conlutas está abortando a luta em nome da Frente de esquerda eleitoreira e reformista que conta com o PSTU, PSOL e PCB. É justamente por conta deste processo que se tornam indispensáveis as oposições estudantis e sindicais combativas como instrumento de luta. Assim, com o apoio a o Bloco da Esquerda Revolucionária da Conlutas.
Assim,“CLASSISMO, COMBATIVIDADE E INDEPENDÊNCIA” sintetizam os meios pelos quais se constroem as oposições: Classismo: Unificar a luta dos estudantes proletários com a luta dos trabalhadores, dar ao movimento estudantil seu papel de classe. É importante ressaltar que a luta tem a mesma origem (contra o governo Lula) atingindo tanto estudantes com a reforma Universitária, como os trabalhadores por meio da reforma sindical, da previdência, trabalhista etc. O que mostra que só com o conjunto da classe trabalhadora a luta pode ser vencida.
Combatividade: Mobilizar as bases no sentido da ação direta, das greves,mobilizações de massas, ações radicalizadas em lugar de ir a reboque do parlamento burguês. Por isso é necessária a unidade dita acima para conseguir construir uma greve geral dos trabalhadores e estudantes para derrotar as reformas neoliberais.
Independência: Que o movimento estudantil seja independente de governos e patrões, partidos, que possua fóruns de deliberação democrática direta. A democracia direta estudantil deve ser um princípio e um meio, com a decisão das bases por maioria de votos, delegações eleitas pelas bases e centralizadas por elas com mandatos imperativos, quer dizer revogáveis, direito de livre associação e divulgação de posições políticas e idéias. Por isso deve-se acabar com o dito “parlamentarismo estudantil” ocultado pela dinâmica das “diretorias colegiadas”.
Assim, a oposição é muito mais do que meras chapas ou frentes eleitorais para disputar a direção das entidades (conseguir seus crachás). Ela deve ser um embrião do futuro organismo de classe reorientando sua organização nos mecanismos daação direta e da democracia direta. Conclamamos os estudantes proletários a se somar a nossa luta se engajando a nossa Oposição estudantil, fortalecendo suas entidades de base e o bloco da Esquerda Revolucionária da Conlutas que agrupa os setores combativos que lutam contra a liquidação da Conlutas.
Fora UNE! Derrotar o governismo e o paragovernismo!
Derrotar as reformas neoliberais! Unir estudantes e Trabalhadores!
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