domingo, 1 de junho de 2008

As eleições para o Diretório Central dos estudantes e a Luta estudantil.*


(Retirado do boletim Nº 2 de outubro de 2007)*


O DCE da UNB está em pleno processo eleitoral que definirá a chapa na sua direção. A disputa também está a todo vapor com divulgação de propostas, programas, disputas políticas e ideológicas, porém em meio a este processo é necessário distinguir bem as propostas apontadas e os rumos da luta estudantil.

A disputa pela direção dos órgãos de representação estudantil é importante e necessária. A oposição Estudantil C.C.I. no entanto não lançou chapa para este pleito. Este fato que se deve a uma discordância política dentro do quadro colocado pelas força que impulsionam as chapas, vejamos bem:

Chapa 1 “Todos juntos, agora só falta você": Advinda da atual gestão do DCE governista, defensora do governo Lula e da Reforma Universitária (como se tornou notório nos debates travados no último semestre). A reforma universitária como já afirmamos em nosso último boletim é uma reforma neoliberal que sinaliza com a privatização das Universidades e sua transformação num espaço de reprodução do capital. Quanto ao REUNI sua posição transige com o decreto do governo ao afirmar que nele existem pautas “históricas” do movimentos estudantil (sic), revelando seu caráter claramente governista. Outro exemplo dentre os vários é da última pauta reivindicativa sobre o possível aumento no Restaurante universitário afirmou que seria uma “vitória” (sic) o fato da reitoria não prever aumento. Tal posição irrealista alimenta ilusões do estudantado ao esperar crer na palavra da Reitoria. O aumento pode ser votado futuramente quando a correlação de forças estiver mais favorável à Reitoria (com a desmobilização dos estudantes) não nos esqueçamos disso.

Agora nos atenhamos a chapa 2 “Nada será como antes” e vejamos o centro de suas propostas, tendo em vista que seria em tese “antigovernista”. A primeira falácia, como consta no seu material de propaganda, é apostar numa oposição que não existe entre a “Frente de Luta contra a Reforma Universitária” e a UNE, a segunda falácia é vinculada a esta e refere-se a reivindicação de um movimento estudantil democrático e participativo.

Não existe contrariedade verdadeira entre a UNE e a Frente de Luta contra a reforma universitária tanto na sua composição quanto em seus métodos.

Para os que presenciaram ficou muito claro o caráter desta frente que abriga tanto a CONLUTE quanto a FOE -UNE (frente de oposição de esquerda da UNE, impulsionada pelo PSOL). Ela é uma política frentista que costura acordos entre correntes e partidos em lugar de construir um movimento estudantil democrático e pela base. Este aspecto foi mencionado no boletim anterior quando nos referimos ao débil calendário aprovado por “aclamação”, quer dizer, na imposição mesmo, no encontro contra a reforma universitária em 26 de março. Este ato deixou claro o método de reedição das velhas práticas da UNE não apontando para a mudança necessária.

A composição desta frente demonstra que ela é composta por setores para-governistas como a FOE- UNE e que a CONLUTE abandona e liquida as resoluções do CONAT. Quer dizer, as resoluções do Congresso Nacional dos trabalhadores que lançaram a CONLUTAS como entidade de resistência ao governoLula. O que demonstra uma tendência preocupante de descaracterização da CONLUTAS para uma perspectiva para-governista que a CONLUTE cumpre por antecipação, devemos nos lembrar que a FOE-UNE é a INTERSINDICAL mirim e que esta equivalência política centrista não é mera coincidência. Ela cumpre o papel de liquidar a CONLUTAS.

De modo nada surpreendente esta caracterização paragovernista se repete na chapa 2 que abriga além da CONLUTE e independentes também os membros da FOE-UNE que participaram com delegados no 50º congresso da UNE, tão reivindicado pela gestão governista do DCE em um de seus jornais.

Tal caracterização tem claras repercussões para a luta e esta se torna nítida em suas propostas de ação. Tal como a perspectiva de realizar um plebiscito oficial para definir a adesão ou não ao REUNI por parte da UNB. Combater o REUNI por sua caracterização de decreto do governo e medida de precarização do ensino superior: é correto, usar como método um plebiscito oficial: é incorreto. O plebiscito não coloca os estudantes e trabalhadores como reais protagonistas da luta, na verdade vai a reboque da reitoria. Ou seja, não é um metodologia combativa.

O curioso é que o campo majoritário da CONLUTAS vem guinando suas ação para este eixo, como no caso do plebiscito sobre a Vale do Rio Doce, previdência etc. O que não é mero acaso também. A linha de massas do setor majoritário da Conlutas (PSTU/PSOL) é reformista o que significa que culmina no colaboracionismo, quer dizer colaboração com a classe burguesa, por isso a todo instante para tais forças políticas é melhor liquidar a luta e jogar todo o peso na via eleitoral burguesa em lugar da possibilidade de se jogar na tarefa das lutas objetivas (greves, ocupações etc), quando se lançam a elas é para liquidá-las e conduzi-las a derrota tal como a ocupação da USP este ano.

Enquanto isso a Chapa 3

“Reconstruindo o cotidiano”: Impulsionada pela articulação de esquerda sua caracterização da UNE como campo a ser “reconquistado” é um grave equívoco, possivelmente pela análise na qual caracteriza que há uma “crise de direção” no movimento estudantil. Na verdade, a crise é do movimento estudantil e sindical-popular e a análise da chapa não a leva a uma crítica de modo conseqüente. Assim, o efeito deste grupo é negativo ao movimento estudatil por alimentar ilusões na UNE. Desta forma, para uma política mais clara deve-se liquidar com o governo, com o PT e com a UNE (sua correia de transmissão). Além disso sua posição quanto o REUNI não sinaliza para o seu combate efetivo, como atesta seu programa: “(...) defendemos a não adesão da UNB ao REUNI este ano, por não termos tido debates que aprofundassem a compreensão sobre o que significa aderir a esse projeto.(grifo nosso). Quer dizer, reduz a questão do REUNI à mera necessidade de “debate com a comunidade” deixando na penumbra o caráter precarizante e governista do mesmo, afinal é um decreto e deve ser combatido.

De modo sintético nos deparamos com, no casos das chapas citadas acima, com

gradações diferentes de um mesma origem, quer dizer, o reformismo. Assim, a distinção entre as chapas mencionadas é a de diferença de grau e não a oposição verdadeira.

Após este breve balanço fica nítido que as presentes chapas em disputa pela direção ao DCE da UNB estão petrificadas no modelo atual do movimento estudantil, apesar de apontarem para a defesa de causas muito justas como a assistência estudantil, anti-racismo, melhoria nas estrutura material da UNB etc.

Assim, a Oposição estudantil C.C.I. não lançará chapa por ser recém formada e não dispor do quantitativo necessário e principalmente por não existir uma verdeira proposta antigovernista neste pleito, de modo que não votaremos e nenhuma das chapas. A Oposição estudantil C.C.I. defende assim:

O fortalecimento da Oposição como embrião para um movimento estudantil combativo, classista e democrático com programa anti-governista.

Unificar estudantes proletários e trabalhadores na ação direta e metodologias combativas.

Convocação aos estudantes para maior participação das assembléias, fortalecimento de entidades de base e participação nos CEBs. Realização alternada de CEBs sendo feitos também às 18:00 horas para contemplar também os estudantes do noturno.

Não precisamos de cargos nem crachás para disputar a consciência do estudantado! FORA GOVERNISTAS E PARA-GOVENISTAS! Fortalecer as oposições estudantis classistas e combativas! Fortalecer o PÓLO REVOLUCIONÁRIO da CONLUTAS!

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