As lutas
pela Assistência nesse segundo semestre de 2013 deram uma nova dinâmica para o
Movimento Estudantil da UnB. Diferentemente das anteriores tentativas de
organização dos estudantes pobres (puxadas principalmente pela Anel/PSTU), que caíram
e se afundaram nas ilusões burocráticas de reuniões infindáveis com a Reitoria,
este semestre já começou com a ocupação da sala do CASSIS (BT 260) e durante
quase todo o processo o CASSIS organizou diversas ações diretas no Restaurante
Universitário (os “catracaços”) sendo que a repressão policial na desocupação
forçada do CASSIS gerou as condições, acumuladas com as anteriores (os
problemas e insatisfações em relação à moradia, etc.) da ocupação da Reitoria.
Portanto, a ação direta (ocupações e “catracaços”) deram o tom desse processo
de luta que terminou (parcialmente! pois apenas começou) vitorioso.
O que
também podemos ver muito claramente após a ocupação da reitoria é que o método
da Ação Direta (manifestações, ocupações em oposição aos métodos Legalistas e
Burocráticos) nunca esteve deslocado do Trabalho de Base, ou seja, do diálogo
franco e direto com a ampla massa de estudantes. Na verdade, o levar a sério e
o aprofundar deste método na prática não só trouxeram as vitórias imediatas na
ocupação, como também prepararam o terreno ideológico da disputa que poderá ocorrer
a médio prazo com as forças políticas conservadores e oportunistas que boicotam
o processo de fortalecimento coletivo e combativo do movimento
estudantil.
Essa
disputa em médio prazo é aberta principalmente através da evidenciação prática
(fruto das próprias contradições e polarizações abertas pela luta do CASSIS) de
que os métodos Legalistas utilizados e defendidos pela Aliança Pela
Liberdade/DCE não são capazes de solucionar os problemas reivindicados pelos
estudantes pobres, nem a curto, nem em médio, muito menos em longo prazo (a
construção de uma Universidade Popular). É claro que o método legalista indica
sim a possibilidade de pequenos ajustes dentro da lógica dominante (a conquista
de pequenas benesses, especialmente a cursos e setores estudantis já
privilegiados), mas nunca a possibilidade de sua ruptura (nem mesmo, na maioria
das vezes, "rupturas" parciais que imponham reivindicações
populares), tal é o aprendizado prático que levou à ocupação imediata da
Reitoria, ou seja, o confronto direto por reivindicações básicas não atendidas
e a instintiva repulsa ao DCE.
Por outro
lado, o povo trabalhador em geral (e nesse caso os filhos do povo, os
estudantes pobres da UnB) aprendeu por uma dura experiência que apenas a Ação
Direta de Massas corresponde a um método condizente com sua condição de classe
oprimida e suas pautas reivindicativas, e isso pelo simples fato de que suas
reivindicações não correspondem com a lógica dominante anti-democrática
reproduzida dentro da instituição e, portanto, não podem ser por ela aceita pacificamente
e através de "conchavos políticos" (ou, por outro lado: da
anti-democracia e do elitismo não sairá o democrático e o popular), e quanto
mais a luta vai avançando e as posições políticas vão ficando mais claras e
polarizadas (por exemplo: Reitoria/DCE versus CASSIS/Estudantes do povo) mais a
Ação Direta se torna necessária e óbvia.
Em
resumo: os playboyzinhos da Aliança Pela Liberdade (playboys senão em condições
materiais, certamente em condições ideológicas) podem pedir, negociar,
politicar com os seus iguais da burocracia universitária, e não por acaso
pensam um modelo de "DCE parlamentarista" onde possam livremente estabelecer
suas promiscuas trocas de favores e conchavos de gabinete; os estudantes do
povo, por sua vez, podem contar apenas com sua própria força e dos seus aliados
(terceirizados, professores e servidores) e, longe dessa força ser pequena,
caso esteja organizada e consciente de suas tarefas, de seus inimigos e de seus
próprios desafios, nada poderá pará-la.
Quanto
mais uma reivindicação for polêmica e não puder chegar a um consenso (a um
acordo comum e "civilizado") com a burocracia da universidade, mais o
método da Ação Direta e do Conflito se torna evidente. Porém, é natural que nossas
principais reivindicações, aquelas que de fato poderiam trazer modificações
estruturais a situação do estudante pobre e dos trabalhadores, não terão
aceitação da burocracia universitária, muito menos do DCE. E não será o número
de reuniões, cartas, e tentativa de "convencimento" que irá modificar
essa situação (de interesses de classe antagônicos!).
É por isso,
camaradas, que afirmamos que a conciliação e os conchavos de gabinete hoje
(travestidos de "pragmatismos", etc.) preparam as ilusões e as
derrotas de amanhã, ao não fortalecer a ação coletiva dos estudantes. E é por
isso que a Ação Direta faz voltar nossos olhos para a BASE, para as massas de
estudantes e trabalhadores, únicos capazes de ARRANCAR pela sua força de
mobilização suas justas reivindicações, e é por isso que ela conquista não só
as vitórias de hoje, mas, se desenvolvida e organizada, prepara as vitórias de
amanhã, onde as batalhas serão muito mais árduas.
Nossa
tarefa agora na luta pela assistência estudantil é 1) continuar um trabalho político
junto às bases (cursos, salas de aula etc.) e demais polos de aglutinação (RU,
ônibus, fila 110 etc.), com debates, campanhas e propaganda, aproveitando da
ampla rede de solidariedade formada em torno da causa e 2) aperfeiçoar a
organização do CASSIS, suas comissões e formas de trabalho, para que num futuro
próximo tenhamos condições de impulsionar um outro movimento massivo para impor
novas conquistas. O barril de pólvora está instalado. É necessária uma boa
fagulha...
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