quarta-feira, 8 de abril de 2015

Pelo combate ao liberal-pragmatismo da gestão do DCE! DCE é pra lutar!

É sempre bom relembrar: atuação em 2011 da Chapa 7 “Democracia e Ação Direta”
Eleições do DCE de 2011!!! Logotipo da “Chapa 7″

Em 2011, a Oposição Estudantil C.C.I.  se engajou na “Chapa Democracia e Ação Direta” para eleições do DCE. Desde antes, e de lá para cá, continuamos lutando cotidianamente, mesmo aqueles que se formaram na UnB hoje atuam no movimento sindical ou popular. Acreditamos que os ensinamentos daquele momento permanecem válidos ainda hoje, devemos reaprender. Sobretudo pois foi o ano que marcou a primeira vitória do grupo liberal-pragmático Aliança Pela Liberdade, que destruiu o movimento estudantil na UnB. Assim, vale a pena retomar o que foi dito na época. E continuar hoje o combater programático-organizativo pela democracia, classismo e combatividade no movimento:

Corporativismo, apoliticismo e apartidarismo


Muito se argumenta, durante o período eleitoral do DCE, que parte expressiva do movimento estudantil centra sua atenção em assuntos externos à universidade, alheios às mais prementes demandas estudantis e aos interesses particulares da universidade. O distanciamento entre as demandas pragmáticas e as pautas do movimento se agravaria, costumam dizer, pela intromissão de partidos políticos que instrumentalizariam o movimento estudantil para realizar seus fins particulares.


Por trás de tal visão, reside um profundo corporativismo acerca da natureza e limites da luta estudantil. Não é possível, no entanto, separar problemas da educação de uma realidade social mais ampla, que produz as condições, os meios e os fins do sistema educacional. Não há visão mais ingênua do que crer que as contradições da UnB não correspondem a uma expressão particular das contradições sociais às quais estamos submetidos. Desse modo, por trás de problemas aparentemente triviais existe uma longa cadeia de conflitos sociais que determinam o modelo educacional existente. Engajar-se nesses conflitos significa, de igual modo, engajar-se pela defesa da educação pública.
Vistos de um panorama mais amplo, portanto, não há um conflito entre as lutas “externas” e demandas específicas e pragmáticas. Não se engaja em lutas mais amplas em detrimento das lutas setoriais – pelo contrário, são nas lutas mais gerais que se realizam de forma plena, universal, nossas lutas contra a precarização cotidiana com a qual convivemos.

Contra o apartidarismo, podemos dizer que não se faz política no vácuo. Mesmo estudantes que crêem se engajar de modo apartidário acabam, no curso prático de suas atuações, por endossar uma visão política-ideológica qualquer, encontre ela referência partidária ou não. A existência de correntes políticas organizadas não esvazia o movimento, como costuma dizer, mas sim o enriquece – é por meio do conflito entre visões divergentes que se dá o processo dialético de construção de uma atuação política mais ampla e efetiva. Parte da aversão dos estudantes por partidos se dá não pela existência dos partidos em si, mas pela atuação destes, em especial na subordinação dos interesses do movimento aos fins eleitorais burgueses que almejam. Nós da Chapa Democracia e Ação Direta repudiamos veementemente a submissão do M.E. às instâncias políticas do Estado capitalista através de seu uso eleitoral, mas não somos contrários à existência de organizações políticas e partidos não-eleitorais que façam uma disputa política no rumo do movimento.

A Ação Direta


O método de luta compatível com um programa classista e combativo é a Ação Direta. O que pretendemos dizer com Ação Direta? Sucintamente significa tomar o destino nas suas próprias mãos, não o delegando a terceiros. Na luta de classes, a Ação Direta diz respeito a atuações política da classe trabalhadora exercida através da democracia proletária e não sendo mediada pelo parlamentarismo “democrático” do Estado capitalista.

É por meio do seu protagonismo que estudantes e trabalhadores são capazes de transformar sua própria realidade e a sociedade que os circundam. Isso não significa que a Ação Direta seja um fim em si mesmo, mas sim que é um método privilegiado de luta, que exerce a solidariedade entre os oprimidos e que rompe com os limites da ação política imposto pelo Estado.

Dentro da UnB, um dos meios utilizados pela Reitoria para desmobilizar os estudantes, quando apresentamos determinada reivindicação, é através de mesas/comissões de enrolação ou audiências públicas. Estas buscam conciliar posições contrárias e na maioria das vezes as demandas estudantis simplesmnete não são atendidades. A última gestão governista do DCE foi também uma das principais patrocinadoras destes meios burocráticos que não trazem avanço para as lutas. Os estudantes da FCE quando ocuparam a Reitoria mostraram o poder da Ação Direta.

Democratização do ensino superior e luta de longo prazo


Se o movimento estudantil pretende romper o corporativismo e ver-se enquanto agente de transformações sociais mais amplas terá que necessariamente articular suas pautas mais imediatas com uma visão geral sobre o modelo de educação que pretende construir. E não há outro sentido que o curso das lutas estudantis deve tomar que não seja o da democratização do ensino superior.

O Movimento Estudantil deve visualizar, em cada uma de suas lutas específicas, um encadeamento prático e lógico que leva a um crescimento qualitativo e quantitativo de sua atuação em direção à universalização do ensino superior público. Isso não significa que um DCE pode implementar o fim do vestibular em uma data específica, mas sim que pode dar um encaminhamento de suas lutas nessa direção. É o devir do movimento estudantil da nossa geração se engajar nessa tarefa histórica. Caso nós não o façamos, estaremos andando em círculos, subtraindo do M.E. qualquer capacidade transformadora revolucionária.

Atualmente o ensino superior no Brasil exclui a grande maioria da juventude brasileira, onde apenas cerca de 15% dos jovens entre 17 e 24 anos estão nas universidades e faculdades (privadas ou públicas). Ou seja, a grande massa do povo trabalhador e seus filhos que sustentam através de seu trabalho e impostos a nação brasileira estão excluídos desta esfera de ensino. Em nossa visão o ensino superior não deve ser um privilégio e sim um direito e deveria ser democratizado através do fim do vestibular, já que cotas são positivas, porém limitadas. Outros países como a Argentina mostram que esta realidade é possível.

Não podemos também nos imobilizar em virtude de problemas técnicos referentes ao fim do vestibular. Precisamos confluir nossas diversas lutas no sentido do fim do vestibular. As condições técnicas e orçamentárias que tornarão isso possível não nos são possíveis saber de antemão; elas apenas serão factíveis no desenlace das nossas mobilizações.

Nossa proposta de luta se refere a uma estratégia de longo prazo que não pode ser implementada imediatamente. Propomos um norte que guie nossas lutas cotidianas. Contra todos aqueles absorvidos no pântano do comodismo, da “briga por esmolas”, e do “imediatismo pragmático”, respondemos: nosso caminho é longo, árduo e duro – mas é o caminho da luta, e não o da resignação.

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