quinta-feira, 30 de abril de 2009

O GERMINAL Maio de 2009, Boletim # Nº9

ELEIÇÕES PARA O DCE DA UNB: Entre o parlamentarismo estudantil e o cretinismo político.

Chegando próximo ao dia das eleições para o DCE da UNB, é necessário que os estudantes proletários façam uma avaliação concreta dos termos em que acontecem as disputas políticas e façam também uma avaliação concreta dos programas e métodos encampados pelas cinco chapas.

Os debates entre as chapas em geral foram superficiais e despolitizados, um reflexo das características parlamentaristas das mesmas que não levantam polêmicas concretas. Além disso, não fazem críticas e enfrentamentos necessários para o avanço do movimento estudantil, assim como não se apresentam métodos claros e objetivos de luta para a conquista das demandas e reivindicações materiais dos estudantes. O debate dos métodos de luta é sempre levantado de forma superficial e na pior das hipóteses a solução apresentada para os problemas são os conselhos burocráticos. Esta defesa legalista ocorre sob diversos graus e matizes.

Cabe salientar que nenhuma das chapas aponta concretamente para um projeto de reorganização do movimento estudantil tendo em vista que todas elas apóiam claramente ou corroboram implicitamente com a governista e burocrática UNE, sem colocar a necessidade de ruptura objetiva com a mesma para o avanço do enfrentamento com o projeto Neoliberal e privatizante do Governo Lula e da Reitoria petista.

Comecemos nossa análise

chapa 1:

“Apenas Começamos”, composta pela linha reformista e para-governista do PSTU e do PSOL e pelos “autonomistas” do Instinto Coletivo (IC), todos são membros da gestão anterior do DCE. A linha de atuação da chapa fica muito clara se observarmos o fato de que ela não representa praticamente (ainda que se anuncie verbalmente como tal) um rompimento com governismo seja em suas esferas organizativas ou garantindo independência perante o Reitor José Geraldo.

Atolados na contradição de que tanto o PSOL como o IC apoiaram a candidatura da atual reitoria mesmo que “criticamente” demonstram o entreguismo diante de uma reitoria governista que aplica o pacote neoliberal de Lula. Este reitor empossado pelas migalhas da “paridade potencial” na realidade não significa avanço algum, ao contrário do que tentam nos fazer acreditar os reformistas.

Neste processo esta chapa representa uma continuidade de capitulação ao governismo. Crítica que a Oposição CCI vem apontando desde a adesão destas forças à desocupação da reitoria ano passado quando foram à reboque da sanha governista dos setores do PT e do PCdoB não realizando posteriormente também numa autocrítica necessária para o conjunto do movimento.

A falta de um combate efetivo ao REUNI se reflete no método de reivindicar a estatuinte com “etapa democrática necessária” para revogá-lo posteriormente: mais ilusões legalistas.

A Chapa 2:

“Unidade na Diversidade”, composta pela União da Juventude Socialista (UJS/PCdoB), pela Democracia Socialista (DS/PT) e PSB, representa o que existe de mais atrasado no movimento estudantil, a alta-burocracia parlamentarista da UNE.

A chapa 2 utiliza da fraseologia falsa da suposta “pluralidade” de opiniões na sua chapa, para obscurecer o seu papel objetivo de carro-chefe das políticas neoliberais de precarização e de adequação do ensino a lógica de mercado como a expansão nos termos do Capital (REUNI) e as Fundações de Direito Privado. Quanto a estas os governistas colocam a proposta de “moralização”, ou seja, transferem o que seria uma luta estrutural contra o Capital na universidade para uma luta meramente legalista dentro dos marcos da democracia burguesa. Além de defenderem as empresas junior's (!) que inserem os estudantes nos métodos de gestão empresarial e na ideologia capitalista.

Chapa 3:

“Pra Fazer diferente” composta por membros da Articulação de Esquerda (AE/PT) e PSDB (!!) não comporta distinções reais nem oposição substancial ao governismo abarcado pela chapa 2 (além, é claro, de fazer uma aliança demente com tucanos).

Defende o caminho de luta dentro dos marcos do legalismo burguês (vide CONSUNI) o que faz do método das duas chapas um só: o caminho da derrota para as reivindicações estudantis. Portanto, a disputa se dá entre as duas em parâmetros superficiais e aparatistas, não representa uma mudança programática e de linha de atuação e sim a mera acomodação de cargos entre as correntes petistas.

Para os que pensavam que “nada que está tão ruim não pode piorar”, eis que surge a chapa 4: “Aliança pela Liberdade” (Do Capital! Deveriam acrescentar!), composta pelo rebotalho do racha da UEI, considerando que parte dos integrantes desta ruptura foi para a chapa 3.

A chapa entra nas eleições do DCE com objetivos claramente parlamentaristas onde o grande método dela é a representação dos estudantes no Consuni e sua atuação através destes conselhos burocratizados e antidemocráticos (ponto pacífico com os demais legalistas).

Além da defesa clara das empresas privadas dentro da universidade, a chapa demonstra uma ligação nula com o movimento estudantil e seu viés reacionário e direitista quando defende o aparato repressor do Estado, a Polícia Militar, nos campus da universidade. Esta defesa só pode ter o efeito prático de reprimir os estudantes, e pior: ocorre em pleno processo de perseguições políticas aos que ocuparam a reitoria e fizeram parte da luta estudantil na UNB.

Por último, a chapa 5: “Oposição a burocracia Estudantil”, que para além do seu nome na prática representa a burocracia em outros termos. Ela é organizada e composta nos moldes da burocracia estudantil que tanto critica em palavras. A chapa segue a linha de massas do oportunista PCO, partido semi-decomposto defensor da CUT e da UNE e que chegou a apoiar nas últimas eleições do sindicato dos correios da Bahia uma chapa do PT (!). A chapa não defende a orientação política do PCO abertamente de modo que poucos membros orgânicos centralizam uma base constituída de última hora formada por diversos estudantes perdidos, despolitizados, flutuantes que não acompanham diretamente o movimento estudantil combativo.

É importante ressaltar o caráter de “chapa bomba” que a chapa 5 possui, um método tipicamente denuncista utilizado por quem não possui um programa concreto para disputar a consciência dos estudantes muito menos para reorganizar o movimento estudantil. Como exemplo do grau de construção despolitizada, e até onde essa política pode chegar, é elucidativo o recente debate entre as chapas no campus de Planaltina. Neste um membro da chapa 5 defendeu como medida “para dar mais segurança aos estudantes” a construção de um posto policial perto do campus (quem sabe o Arruda não faça isso de fato em meio a sua campanha populista no GDF!?), revelando o legalismo que vê na polícia uma instituição protetora, esquecendo seu papel de repressão contra a classe trabalhadora etc.

Este aspecto, guardadas as proporções, pode ser comparado em grau com a proposta da chapa 4, de atuação da PM diretamente no campus, pois ambos partem das mesmas premissas ideológicas.

Mediante este quadro é notório que não existe uma alternativa realmente combativa, independente e anti-governista para reorientar a direção do movimento na UNB. Por conta disso, e por não ter conseguido atingir o piso mínimo para lançar chapa própria, a oposição CCI faz a crítica e se opõe as chapas acima citadas conclamando o voto nulo. Tal fato demonstra não o mero abstencionismo apoliticista, mas a capacidade de preservar a independência de classe mediante a uma conjuntura de refluxo e retrocesso ideológico. Aos estudantes combativos permanece o chamado: UNAM-SE A CCI!

CONTRA A OFENSIVA BURGUESA! TODA SOLIDARIEDADE AOS ESTUDANTES PERSEGUIDOS!

Recentemente, vem se caracterizando uma situação de perseguição política ao movimento estudantil. Esta é materializada na perseguição à estudante de serviço social Catharina Lincoln por meio de um processo movido contra ela pelo ex-reitor Timothy Mulholland após ser absorvido judicialmente da acusação de peculato. Também está respondendo processo na Polícia Federal o companheiro Eduardo Zanata, estudante de letras, por conta de sua participação na ocupação. Ambos são militantes do PSTU e participaram da gestão “Nada será como antes” do DCE da UNB. Paralelamente a este fato o professor da Faculdade de Arquitetura, Frederico Flósculo, também responde a um processo administrativo por parte da reitoria, por conta de suas manifestações de apoio à ocupação estudantil.

Estas investidas possuem claramente caráter político por atacarem os que participaram do movimento de ocupação e seus apoiadores.

A oposição CCI declara a defesa incondicional destes companheiros e conclama a mais ampla campanha para reverter tais perseguições por meio da mobilização direta estudantil. Esta é uma clara delimitação de classe que defendemos mediante a este tipo de ataque que se estende a todos os estudantes independente das diferenças programáticas que tenhamos com eles. Um ataque a um estudante é um ataque a TODOS os estudantes. Este é o efeito prático da solidariedade de classe e da sobrevivência necessária do movimento estudantil.

Retoma-se aqui a necessidade de rever os métodos empregados pelo movimento estudantil: não devemos acreditar na cantilena furada da reitoria ou dos pactos feitos com Roberto Aguiar em prol de qualquer “anistia” aos ocupantes da reitoria!

Nenhuma ilusão no CONSUNI e nos aparatos burocráticos! Combater a perseguições na ação direta!!

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