Publicamos abaixo texto produzido e lançado pela Chapa 3 "UnB aberta pra quebrada" durante eleições para DCE em 2014. O texto reflete integralmente a opinião da Oposição CCI. Boa leitura!!
Em tempos que setores de extrema-direita vem a público querendo a volta do regime militar no Brasil, é preciso ter clareza sobre o papel desempenhado pelo militarismo, mesmo em tempos "pós-ditadura". Existe ainda hoje um continuísmo do regime que sobreviveu pela manutenção de leis durante a reformulação da Constituição de 1988 e nos subterrâneos do aparelho repressivo de Estado, a exemplo da ABIN, antigo SNI. E no plano "sensível, é a lei do cassetete e da bala de borrachada polícia o poder de sustentação do regime capitalista. Vivemos, enfim, uma ditadura velada, que mata a juventude pobre e negra nas periferias, encarcera e tortura. Na verdade, a virada da ditadura para uma democracia burguesa não passou de um transação negociada que garantiu privilégios aos militares e reacionários.
* * *
PM? Não, obrigado! Fora repressão!
O debate da polícia no campus precisa
ser enfrentado diretamente. Eis a postura da chapa 3 “UnB aberta pra
quebrada” a respeito do tema. Boa leitura e aguardamos o debate!
A desigualdade de classes da sociedade funda a ganância e a
violência, que se reproduz no interior das universidades. Não ocorrem
roubos, sequestros e assaltos por excelência e exclusividade na UnB. Seu
padrão de ocorrência, entretanto, pode seguir tendencialmente um
perfil: concentração de crimes contra a propriedade nas zonas de maior
concentração de renda. E a universidade apresenta este “atrativo”, por
ser ainda elitizada. O “mapa da criminalidade” da gestão da Aliança pela
Liberdade confirma: a maioria da “violência” é contra propriedades, e –
felizmente – não contra pessoas. Contraditoriamente, muitos adeptos da
ideia de PM no campus rejeitam a presença do Detran por identificarem
estes como limitantes da “liberdade” de locomoção com seus veículos
particulares – um ultra egoísmo.
Reivindicar a PM no campus é enxugar gelo. Ou
seja, a desigualdade de classes é produtora de delitos; e agir sobre
delitos é agir contra a consequência, estendendo a causa. A polícia age,
por excelência, reprimindo os delitos, especialmente crimes contra a
propriedade e a ordem institucional – seja ela qual for. Manter a “ordem
pública” é manter a opressão política e a exploração econômica do
“homem pelo homem”, causa da violência primeira em nossa sociedade. A
função da polícia, portanto, é restrita, senão nula ou contrária a
própria liberdade e segurança dos indivíduos e grupos de “minoria”.
Registra-se, por exemplo, que a polícia brasileira domina os ranking das
mais violentas do mundo. Operam assassinatos e toda sorte de abuso de
poder, especialmente nas periferias e contra seus membros identificados
em outros espaços urbanos. Os recentes casos de assassinatos de
Amarildo, Antônio e Cláudia são reincidentes diários.
A pequena burguesia, ou de renda média, literalmente compra a ideia
do enclausuramento, pois por ele pode pagar. Quanto mais grades, muros,
câmeras, catracas, seguranças particulares e policiais, em tese, menos
suscetível a violência está. Se preocupa exclusivamente com seus bens ou
ideal de propriedade, enquanto se desresponsabiliza da sociedade que o
cerca. Mas ao virar as costas para as causas da criminalidade, se tornam
co-responsáveis pelos crimes. O povo continua refém da insegurança
causada pelas contradições do capitalismo – a exemplo do tráfico etc. –,
mas não pode pagar por segurança nem contar com a polícia em vários
casos.
As Jornadas de Junho demostraram o papel da polícia em última
instância: salvar o Estado e o capitalismo contra as rebeliões
populares. Toda forma de especialização para reprimir está sendo
viabilizado em função dos megaeventos e megaobras, como a Copa e a
hidrelétrica de Jirau. Técnicas, armamentos, “carta branca” jurídica e
apelo midiático: o povo é colocado por antecipação como inimigo interno
em potencial, pouco importando seus interesses. A repressão age muitas
vezes a esmo, mesmo contra manifestações pacíficas. A polícia trabalha
como uma herdeira da ditadura no submundo da democracia burguesa,
impondo a lei do “porrete”.
Ser contra a polícia no campus não é ser contra a paz. Absolutamente,
não! A proposta da criação de um batalhão universitário, por outro
lado, manteria o status superior de tratamento que supostamente merece o
ser “acadêmico” diferentemente dos reles mortais. Na universidade,
imediatamente, precisamos reivindicar 1) um plano de ocupação dos campi,
com valorização de uso dos espaços vazios (áreas recreativas, de
estudo, de esporte etc.), 2) corte do mato alto, 3) projeto de
calçamento, 4) reforma na iluminação, 5) ampliação do transporte, 6)
treinamento da segurança para além da guarda patrimonial e 7) construção
de comitês de auto-defesa (de mulheres e homossexuais, por exemplo).
Mas, sobretudo, é preciso mesclar UnB e periferia, através da 8)
extensão universitária e 9) do acesso livre na UnB, e não torna-las
antagônicas, quase inimigas como é hoje. Negar a polícia no campus é,
enfim, entender que polícia é sinônimo de guerra: são os soldados do
Estado capitalista para conter seu inimigo interno, o povo. E nós
declaramos guerra contra a guerra! Pois queremos a paz, justiça e
liberdade para todas as quebradas! Fora PM do mundo!
Recua polícia, recua: é o poder popular que está na rua!
Por uma UnB aberta pra quebrada!
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