Ano VIII, edição nº 37 - Setembro de 2015
COMITÊ DE PROPAGANDA DA RECC
O mercado monopolizado
O marketing comercial invade nosso
cotidiano. São inúmeros anúncios nas redes sociais, televisões,
outdoors, e nem mesmo o íntimo de nossas vidas é poupado. Uma
enxurrada de estímulos ao consumo e pontos de vista parciais dito
neutros. E ainda achamos isso tudo normal?
O mercado de mídia corre na
seguinte lógica: o capital investido vira produto e este
comercializado retorna em lucro, e assim por diante. Entretenimento e
comunicação só fazem sentido se se cumpre esta “lei do lucro”.
E como toda comunicação, não possuí neutralidade: serve ao ponto
de vista de seus proprietários.
Não obstante ser um “mercado”,
a mídia é altamente monopolizada no Brasil. Globo, Sílvio Santos,
Bandeirantes e Igreja Universal respondem por 70% de todo sistema,
como televisão e jornais. E mesmo que digam ser a internet
democrática, nela também fazem lucro (vide Google) e nem de longe o
“blog” de um mortal como nós é comparado à irradiação dos
oligopólios citados. Isto é um atentado à pluralidade.
Mas e se outras empresas
“dividissem” o ramo? Ainda assim continuam de fora a emissão do
ponto de vista dos estudantes-trabalhadores e sua classe por não
deter estes meios de produção.
A mídia independente
A “disputa” com os oligopólios
é ferrenha e desleal. É uma guerra irregular, mas nós temos nossas
armas. São dezenas ou centenas ou milhares de iniciativas dispersas
ou que servem a grupos independentes do mercado. Os boletins O
Germinal e Avante!, da Oposição CCI e RECC, respectivamente; ou
ainda a incipiente Rede de Mídia Classista (RMC), órgão do Fórum
de Oposições pela Base (FOB), exemplificam isto.
Podemos adicionar diversas
iniciativas culturais: o grafite, o rap, intervenções urbanas,
rádios comunitárias, estêncil e por aí vai. São armas
preferenciais da juventude e povo marginalizado da “grande mídia”.
E estas formas de expressão cultural são também formas de
comunicação.
Comunicação no movimento estudantil e popular
Enquanto somos bombardeados pela
comunicação do capital, alguns colegas ainda reclamam do carro de
som que anuncia a greve e assembleia dos servidores; de passagens em
sala para informes estudantis; de cartazes de papel pardo feitos a
mão; de grafites nos muros; dos panfletos distribuídos etc.
Estas e outras são todas formas de
expressão e propaganda autônomas. Não são necessariamente os
métodos que escolhemos. São os que nos sobram. Mas como não
deveremos nada à lógica do capital, preferimos nos manter
autônomos: em nossa política e em nosso financiamento. Temos apreço
e utilizaremos vastamente cada uma destas “formas marginais”.
Elas são fundamentais à todo e qualquer movimento estudantil e
popular.
Mas não esperamos por meio desta
propaganda superar a capacidade e alcance da “grande mídia”. E
nem educar o povo (como se este fosse ignorante). Não mesmo. Mas por
meio da propaganda e agitação pretendemos oferecer um ponto de
vista classista e combativo e, sobretudo, mobilizar os estudantes e
trabalhadores para a ação política coletiva e organizada por
nossas demandas.
Se a propaganda das “ideias em si”
não mudam a vida, a ação muda. E esta é a finalidade: romper a
resignação e o conformismo gerado pela grande mídia, e incitar a
perseverança e a rebeldia.
No futuro e agora, será esta ação
política, coletiva, organizada, classista e combativa que derrubará
o monopólio da mídia e democratizará a comunicação. Da mesma
forma é este o meio que conquistará a universalização do ensino
superior; o passe livre irrestrito; o fim da carestia, e toda
reivindicação justa.
Os proprietários, governos e
reitorias podem até não temer nossos boletins, blogs e grafites.
Mas não ficarão de pé quando o povo rebelde manter-se nas ruas por
suas demandas. Afinal, “quando os de baixo se movem, os de cima
caem”. E este é o modesto papel que a RECC se propõe. É para
isso que convidamos apoiadores, simpatizantes e todo estudante e
trabalhador interessado para construir um Comitês de Propaganda da
RECC.
VENHA CONSTRUIR!
Objetivos, critérios, organização e reconhecimento político do Comitê de Propaganda da RECC (CP-RECC):
A proposta de construir um Comitê de Propaganda tem como objetivos:
a) Criar um espaço orgânico, mas
de menor responsabilidades e comprometimento político, para reunir
periodicamente apoiadores e simpatizantes da RECC;
b) Diversificar os meios pelos quais
se faz propaganda, priorizando alternativas como: grafite, jornal
mural, mural de cartaz, lambe-lambe, panfletagens, estêncil, sticks,
produção de vídeos, páginas em redes sociais, batalhas de rap,
repente, camisetas, cds de gritos de guerra, aulas públicas, shows,
cobertura jornalística, edição de jornais, livretos, aplicativos e
outros a serem propostos;
c) Agregar jovens cultural e
socialmente marginalizados no ambiente elitizado e hostil da
universidade;
d) Agregar estudantes classistas das
áreas de comunicação, jornalismo, computação, música artes e
afins para aplicar projetos/laboratórios de propaganda militante e
arte-ativismo;
e) Aumentar a incidência de ações
de propaganda combativa no movimento estudantil, e possivelmente de
agitação e autofinanciamento para manter os projetos;
f) Criar espaço pedagógico para
aprendizado militante: a luta educa;
g) Criar condições favoráveis à
transição de membros do CP às instâncias orgânicas do FOB aos
que assim desejarem;
h) Massificar atividades centrais da
RECC, como protestos, debates acadêmicos, formação de chapas etc.;
Os critérios de participação seriam:
i) Acordo total ou parcial com
materiais de nossa imprensa militante: O Germinal e Avante!;
j) Disponibilidade de pelo menos 3
horas no mês para as atividades do CP;
O modelo organizativo seria:
k) Autonomia e flexibilidade táticas
não-excludentes com as táticas e linha política Estratégica da
Oposição CCI/RECC;
l) O CP, enquanto CP, aplica ações
dentro da linha política da RECC;
m) Autonomia financeira de
arrecadação, mas podendo apoiar ou ser apoiada financeiramente pela
RECC/FOB;
n) Reuniões mensais, de até duas
horas, para debater textos curtos, planejar e executar atividades;
o) Pelo menos uma atividades mensal
de propaganda;
p) As reuniões ocorrem como espaço
aberto a todos interessados;
q) As deliberações devem buscar
sempre e preferencialmente o consenso, mas na impossibilidade deste,
deve-se votar sobre a execução de propostas excludentes;
r) Participar de determinadas
reuniões e plenárias da Oposição CCI/RECC, sem direito de voto
mas com poder de fala;
Sobre reconhecimento político:
s) O CP não responde pelas ações
e política da CCI/RECC das quais divirja;
t) O CP responde pelas ações e
políticas por ele mesmo aplicado;
u) A CCI/RECC não responde pelas
ações e políticas dos indivíduos do CP enquanto indivíduos;
v) A CCI/RECC responde pela ação
coletiva do CP enquanto CP;
A Oposição CCI considera estes os
pontos fundamentais, e está aberta para dúvidas, propostas e
críticas dos interessados. Avante!
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